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sábado, maio 28, 2016

Eu Me Perdi

sábado, maio 28, 2016 0 Comments
Eu me perdi. Eu me perdi nas primeiras palavras trocadas, na seriedade de um trabalho limpo, nos livros que te seguravam e nas loucuras de várias leis impostas não somente pelo o que faz, mas pelo o que a sociedade também necessita para se manter de pé. Eu me perdi. Eu me perdi quando achei que não sabia que tipo de homem era você. Eu fiquei meio sem rumo, meio que sem estribeiras e achei que no final, você e eu nunca teríamos um "era uma vez", achei que na verdade seria um "valeu te conhecer".
Eu me perdi. Eu me perdi a partir do o momento em que finalmente comecei a ser direta com você e manter a minha paciência na linha porque pela primeira vez eu vi que não era qualquer pessoa e que, de certa forma, talvez, pudesse ser exatamente o homem que esperava, Eu me perdi. Eu me perdi quando as primeiras palavras que soltastes em uma madrugada um pouco fria foram retiradas do meu livro favorito da literatura brasileira: Dom Casmurro.
Eu me perdi. Eu me perdi a partir de o momento em que disse meus olhos serem oblíquos e dissimulados e como eu conseguia te arrastar sem eu mesma perceber o poder que tinha, quando na verdade eu mesma já estava sendo arrastada por uma onda que mostrava-se ser pacífica e que não queria me fazer mal algum. Eu estava perdida. Eu me perdi em tantos detalhes, tantas palavras que achava que na verdade tudo o que queria era acabar logo com aquilo, mas por alguma razão a teimosia de meu coração desligou a razão que cabe apenas a minha mente controlar.
Eu me perdi. Eu me perdi quando me viu pela primeira vez e dentro daquele carro me mostrei mais sua do que você meu. Eu me perdi naqueles beijos, naquelas risadas, naqueles sorrisos, naquela vontade de estar ali, somente agarrada e parecia que já te conhecia há tanto tempo que chega a ser um absurdo não escrever o que sinto aqui e em tempos sem amores como este, ainda sobraram algumas pessoas para os surpreender e você fez questão de ficar aqui e me mostrar que eu não precisava ter medo.
Eu me perdi. Eu me perdi no dia em que estava apenas solta em casa e o aviso prévio em minha casa dizia que estava entrando. Duas vezes em um mesmo dia que me fizeram ficar perdidamente apaixonada por você e eu nem sei como me deixei levar tanto, mas ah, a sensação era tão boa que não conseguia descrever o orgulho que tinha e como meu sorriso se soltava tão levemente e de uma forma breve conseguia ser feliz, mesmo que eu não soubesse quanto tempo aquilo tudo continuaria.
Eu me perdi. Eu me perdi quando estava começando a sentir demais e minha ansiedade estava voltando. O medo de imaginar que se tudo isso acabasse eu teria de superar de alguma forma e não sabia como começar. Eu sempre sofri por antecipação e isto sempre foi um erro gravíssimo que nem ao menos o ABC de meus pais ou da escola da vida, seriam capazes de modificar. Podem chamar um psicanalista, psiquiatra e psicólogo, um conjunto de médicos para esta área, acho que nem ao menos o maior filósofo de todos aguentaria lidar com esta minha ansiedade. Até que descobrimos que o que falamos um para o outro era recíproco. O coração palpita toda vez que lembro o que aconteceu e parece que é sorte mas é a vida que te colocou para mim, aqui e agora, neste caminho.
Eu me perdi. Eu me perdi nas nossas diferenças e o que gostamos ou não, mas eu soube aprender a te respeitar e a te amar pelo o que era e assim o vice-versa. Eu aprendi que nessa vida nada é perfeito e eu consegui entender que a maior felicidade da vida é deixar que as coisas fluam com tamanha naturalidade, sem esperar ou criar expectativas grandiosas para um futuro. Acho que pela primeira vez, diante de tudo o que já me envolvi na vida, não penso no futuro, mas penso mais no agora e no amanhã que te verei.
Eu me perdi. Eu me perdi loucamente naquela noite em que me perdi em beijos e abraços e sorrisos que se derretiam e risadas que mostravam o quanto as nossas brincadeiras conseguiam cobrir uma noite importante como um símbolo do que realmente sentíamos um pelo outro. Eu soube acordar no dia seguinte pensando em te mandar mensagem e logo que mandei veio uma em seguida dizendo: "Acordei pensando em você". Parece piegas para essa classe de humanos muitas vezes sem coração e olha que também sou descrente disso mas, ah, como é bom sentir isso sem poder errar até agora.
Eu me perdi. Eu me perdi quando vi ou sentia seu toque todas vezes na pele. É muito bom saber que no cheiro e nos beijos a gente tem alguém que cuida sempre de quem ama, de quem merece. Nunca me senti tão protegida como desta vez. Nunca quis ter tanta vontade de estar vivendo em paz sem me preocupar com o que faz, sabendo que confio em ti. Acho que nunca fiquei tão bem quanto imaginava. Meu bem, se isso não é amor, então que me calem os deuses de quaisquer dinastias que estas sejam, mas agora sei o que é amor de verdade.
Eu me perdi. Eu me perdi de verdade, eu sinto que estou feliz mas o meu ficar perdida não é que não consigo me encontrar, é por estar extasiada demais em tantos sentimentos e emoções e ver que mesmo depois de quase este período que parece ser tão curto, mas parece tão longo para nós, o sentimento é o mesmo. Que você consegue em poucas palavras me fazer mais feliz e digna. Que me protege. Me ajuda. Me faz sentir-me completa. Me sinto feliz e me perco quando me olha demais, brinca demais, me irrita demais, mas uma irritação tão boa que não existe nada de ruim. Eu me perdi. E se for para continuar me perdendo desse jeito, meu amor, some comigo, soma comigo e me faça tua como nunca, até porque eu não espero nada do futuro, eu só quero viver o agora e com você. Em tempos de ódio, o que eu mais quero é amor e amar. É por isso que com você eu consegui isso... Somar e amar.

sexta-feira, maio 27, 2016

Precisamos Falar Sobre Estupro

sexta-feira, maio 27, 2016 0 Comments
No Brasil convivemos numa sociedade bastante machista e que ao meu ver me deixa claro que a mulher, por sua vez, não consegue deixar de ser vista ou como um objeto de acesso fácil para sexo ou até mesmo um ser frágil e delicado que se encostar, irá quebrar. Certo, mulher querer sexo é uma coisa, agora mulher ser obrigada a fazer algo que não quer é uma coisa completamente diferente. Para aqueles que não sabem, esta semana (E eu espero de verdade que continue sendo divulgado e falado por muitas e muitas vezes sobre o assunto), uma garota foi estuprada não por um, não por dois, não por três, não por cinco e não por dez, mas por trinta e três homens. Trinta e três!
Hoje eu escrevo este texto como forma de expressar a minha verdadeira revolta quanto ao ocorrido em meu país. Nos revoltamos tanto que muitas vezes nos faltam palavras para expressar, então por isso eu consegui chorar muito antes, consegui ficar indignada, consegui entender o porquê eu estudo e faço o que faço em Relações Internacionais.Consegui entender mais a fundo o papel da ONU Mulheres. Consegui entender a preocupação de minha mãe, que mesmo minha pessoa tendo 23 anos, ela ainda me espera acordada no sofá, até se eu chegar às 4 horas da manhã. Agora sim, entendo, nada do que nossas mães e familiares fazem é para nos machucar.
Não foi apenas uma moça machucada, foram e de todas elas eu vi um mar de lágrimas demonstrar o que é que estamos passando atualmente. Não foi apenas um homem, foram trinta e três. Eu não sei o que mais me machuca e o que me deixa cada vez mais perdida perante ao mundo em que vivemos. Parem de culpar os familiares destes crápulas, as escolas onde eles estudaram, o que os tornou assim foi como estes se inseriram e como viam uma mulher específica, ponto foco, para um estupro.
Quantas vezes você viu a sua namorada andar na rua, ou a sua mãe, ou ver alguma mulher passando em sua frente e "sem querer" você ouve um cara a chamando de "gostosa", "lá em casa eu faço um arregaço", "Oi moça, tudo bom?". Mas espere um pouquinho aí, só você pode chamar sua namorada, por exemplo de gostosa, só você pode chamar a sua mãe de linda e aí quando percebe esta se colocando no lugar delas e finalmente nota que se você fosse mulher passaria pela mesma situação. Parece tão mais fácil quando somos apenas nós mesmos em nosso próprio corpo. Mas quando nos colocamos no lugar do outro, tudo é bem mais complexo do que o imaginado.
O texto de hoje pode não ser tão impactante, mas deixa claro que mulher não é objeto, ninguém quer ser feita assim. Mulher gosta de beijo, abraço, beijo na testa, sexo ser for aprovado por ambos lados, risadas, gratidão e principalmente respeito. O que eu peço hoje é que não passem mais uma vez seus olhos e finjam que nada esta acontecendo, porque esta. Não leiam estes textos de qualquer jeito, não abandonem a luta e a causa de salvar mulheres que sofrem todos os dias desta forma. Estou cansada de andar na rua e tentarem puxar conversa, me chamarem de "gostosa", ou de falar que "fariam um arregaço comigo em casa". Eu não sou objeto. Ela não é objeto. A amiga dela não é objeto. A mãe dela não é objeto. Elas não são objetos. Nós não somos objetos. Que a partir de hoje fique claro que esta luta não é de poucos são de todas. Mexeu com uma, mexeu com o resto da família.