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sexta-feira, outubro 14, 2016

Luta também é substantivo feminino



A ditadura

Na década de mil novecentos e sessenta, o Brasil enfrentava um momento de afirmação como uma nação independente nos mais variados aspectos: econômico, político e entre tantos outros. 
Após a renúncia de Jânio Quadros e a eleição de João Goulart (o Jango), Goulart se vê cercado porquê desde o princípio os militares mais conservadores se opuseram à sua posse e passa a marcar presença em manifestações à favor de seu governo ao ser criticado por suas medidas. Em sessenta e quatro uma manifestação toma as ruas: ''Marcha da Família com Deus'' era constituída por religiosos, conservadores e militares e marcou o que seriam vinte e um anos de repressão.
Após exemplos do que seriam revoluções socialistas, os Estados Unidos passam a interferir. Surge, nesse momento, o golpe militar. A interferência americana era notória e trouxe consigo a morte, o desaparecimento e a perseguição de muitas e muitos. Jango é pressionado e tem de optar entre sindicalistas e militares. Para evitar uma possível guerra civíl, causa o próprio exílio no Uruguai. Militares tomam a presidência e colocam nas ruas das principais cidades, seus semelhantes, armados.
Dias após a posse, entra em vigor o Ato Institucional número um, que dava a quem estivesse no poder o direito de alterar a Constituição.
Ao ser eleito, Humberto de Alencar Castelo Branco estabelece eleições indiretas, dissolve partidos, investe em sindicatos, cassa mandatos e institui o bipartidarismo com a oposição controlada e os representantes dos militares. A partir desse momento, meios de comunicação e artistas são censurados.
Ainda em sessenta e sete, Costa e Silva assume, e isso faz com que a oposição cresça. Surgem diversos protestos, muitos de autoria estudantil. 


Mulheres
Sofreram de diversas formas com a repressão presente durante todo o regime militar. Umas de forma direta, nas ruas, outras, dentro de suas próprias casas, de forma indireta. Porém, não houveram esconderijos capazes de protegê-las por completo. Todas sentiram.
Eram vistas como transgressoras por desafiarem a ordem e irem contra todos os estereótipos formados e estimulados pela sociedade machista e patriarcal. Por isso, eram capturadas pelas forças repressoras que as queriam colocar em seu '''''''''devido''''''''' lugar.
 Até mesmo a forma de tortura era diferente da dada aos homens. Eram torturadas de diversas formas, e o alvo sistemático era o estupro.
 Eram obrigadas a se despir e ficarem nuas na frente de agentes militares, homens, que as xingavam durante todo o momento. Quando possuíam filhos, os mesmos eram obrigados a assistir à  tortura - isso quando também não eram torturados como forma de arrancar informações de suas mães.
Apesar de muitas vezes ligadas ao catolicismo que é comportamentalmente conservador, as mulheres eram muitas vezes protegidas pela Igreja Católica durante o regime militar. Criam sua própria pauta de reivindicações que incluía respeito, igualdade de oportunidades e denúncias de violência doméstica.
A rápida urbanização fez surgir periferias e com elas encontros de bairro para pressionar as forças públicas afim de melhores condições de vida. A partir desse momento, nessas periferias, surgem lideranças femininas. Além de militantes e líderes políticas das organizações de esquerda, as mulheres eram mães, irmãs, filhas, companheiras e procuravam incansáveis diante dos portões dos presídios por seus pais, companheirxs e filhxs. Essas mulheres se encontravam e se uniam, somando todo o sofrimento e vivência e transformando em força para derrubar o regime. 
Faziam amizade com a vizinhança como forma de tornar a árdua sobrevivência algo menos doloroso.
O ano de mil novecentos e setenta foi definido pela ONU como o Ano Internacional da Mulher - o que fez com que mulheres de diferentes partes do mundo se unissem afim de celebrar a incorporação de suas lutas numa agenda mundial e oficial. Em locais onde o assunto era como uma novidade, a agenda da ONU estimulou o debate e a criação de políticas públicas para a mulher. Isso não mudou a cultura, mas intensificou a luta feminina. 
A partir desse momento, as conquistas se tornaram mais frequentes. Conquistaram direito ao voto, ocuparam espaços que em tese eram públicos e estão cada vez mais próximas de uma sociedade mais justa e igualitária. 

Curiosidade

Durante o regime militar, muitas eram contra a repressão, mas não lutavam necessariamente por ideais explicitamente feministas. Por ideais feministas ou não, resistiram juntas e pressionaram o governo juntamente com outros grupos sociais, derrubando, assim, a ditadura, em mil novecentos e oitenta e cinco.


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