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terça-feira, julho 16, 2019

B(i) Happy For It

Muitas vezes as pessoas não estão preparadas para aceitarem quem são e esta é a lição de hoje que aprendi da forma mais dura, porém mais sincera possível. Assumir a bissexualidade a minha mãe foi igual dar um tiro no pé dela ou no escuro, mas ainda assim consegui mostrar aquilo que realmente sou. Aliás, "o que" não seria adequado a ser citado, na verdade "quem" é muito melhor, até porque sou uma pessoa como qualquer outra.
Não sei se vai ser natural quanto contar para qualquer outra pessoa de minha família, mas o máximo que posso entender é que neste momento é um direito meu e de minha mãe nos resguardarmos de nossos próprios sentimentos com relação uma a outra. Obviamente eu não esperava que um dia ela explodiria tanto quanto ele simplesmente fez, mas eu deixei claro que eu não mudaria quem eu era e muito menos abriria a mão de quem estou agora.
Não foi fácil para ela sentar e perceber que eu realmente tenho a opção de escolher uma mulher entre um homem e pensar em estar somente com uma mulher e não com um cara, mas essa escolha não é dela, é minha. Completamente e unicamente minha. Ela sempre irá me olhar talvez com certo desdém, mas a mesma já percebeu que eu não tenho motivos para ferir seu espaço, assim como ela também não tem o mesmo direito.
Ela até mesmo tentou usar outras formas de me acertar e prejudicar e colocar culpa em outras pessoas por eu ser quem sou, sendo que na verdade não existe culpa, não existe erro, não existe falha, eu simplesmente sou quem sou, porque eu sempre soube, mas nunca entendia o real nome ou significado disso tudo, afinal eu não fui ensinada pelos meus pais cada uma das palavras, mas eu era sempre instituída a respeitar.
Porém, hoje, eu tive certeza de que minha mãe é a própria pessoa com a maior dificuldade com a palavra respeitar. Na verdade ela apenas se afastou e não sabe enfrentar o que esta ocorrendo. Poderia ter sido mais fácil conversar e tentar explicar e não ter tanto medo de dizer: "Eu saio com uma mulher e gosto muito dela", mas a vida não é um conto de fadas e precisamos ser realistas.
Assumir a bissexualidade, para muitos, é o meio termo da homossexualidade e não é bem assim que as coisas funcionam. A bissexualidade é o gosto por dois lados da moeda, como muitos gostam de dizer, mas acima de tudo saber o que quer e sem ter medo de ser feliz. Me envolvi com muita gente no meio do caminho e minha mãe atualmente esta me culpando porque me envolvi com caras muito bons e eu nunca quis nada. Depois ela culpou minha falta de amor ao corpo e por isso eu escolhi gostar de mulher. Por fim, ela resolveu dizer que eu preciso ter calma até achar o cara certo.
Mas quando ela finalmente percebeu que não era o cara certo que eu queria e que eu tinha encontrado a pessoa certa, sendo esta do sexo feminino, o seu instinto mamãe mode on surgiu. Toda a perspectiva de envelhecer e me ver casada com um cara maravilhoso e dar netos a ela, foi por "água a baixo" e eu entendo completamente o lado dela, para falar a verdade, mas para mim, gostar de alguém é muito mais do que apenas prosperar e ser feliz com o que a pessoa busca como verdade.
O que quero dizer é que ela não foi ensinada em nenhum momento a me aceitar como sou, mas eu entendo e esta tudo bem. Ela é minha mãe e tem todo o direito de sofrer do jeito dela. Mas enquanto ela sofre com essas dores e tenta entender que o que ela esta passando não é um castigo, eu vou vivendo minha vida cada dia mais de cabeça erguida.
A mulher que esta do meu lado é uma pessoa gratificante e ela poderia a qualquer momento não querer se envolver nisso, mas ao invés, ela preferiu segurar a barra e falar que esta tudo bem e que me entendia. Me aconselhou de todas as formas possíveis e me acalantou quando eu mais precisei. Tive suporte expressivo de amigos e colegas de trabalho que entendiam o lado de minha mãe, mas formaram uma barreira em torno de mim como se quisessem dizer que "aqui não passa ódio". E meus avós? Bem, meus avós sabem usar da tática mais madura e sempre me esperando de braços abertos para voltar para casa.
Enquanto minha mãe continua com grandes dificuldades para compreender o que esta se passando, eu continuo tendo o mesmo amor e carinho que sempre tive por ela. Mesmo com tantas palavras brutas citadas, tanta raiva e olhe lá o que mais. Eu arrumei táticas específicas para evitar de machucá-la e sinceramente esta sendo muito melhor do que olhar para ela neste momento.
Não é maldade ou ser ruim de minha parte, mas até onde eu puder para me proteger e proteger minha mãe, irei fazer. Só não abro mais mão de minha felicidade, porque ser feliz é uma coisa que somente eu possa escolher e que para minha mãe pode ser difícil, mas nada é tão gratificante do que ter uma pessoa do lado, sendo homem ou mulher - no meu caso mulher - para dizer que gosta de você do jeito que é e levando as coisas com tamanha leveza que nem parece que passamos tanto tempo longe uma da outra.
Isso é ser feliz e hoje eu aprendi que não posso esperar muito de quem ainda não esta preparado para aceitar quem realmente somos, mas esta tudo bem, porque sempre que ela quiser, eu estarei aqui para poder explicar que quem eu gosto ou não é algo de responsabilidade minha. Já aceitei quem sou e sou muito feliz com quem esta ao meu lado agora. E você? Já se perguntou isso hoje?

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