Diversidade e preconceito: Vamos falar de LGBT?

Cenas que têm como alvo a relação sexual sempre causaram curiosidade e "Verdades Secretas", do ano passado, foi exemplo evidente de como isso pode atiçar a audiência. Nunca tinha-se visto antes, em tevê aberta, uma cena de sexo entre dois homens na maior emissora do Brasil e segunda maior do mundo. Foi o que houve em "Liberdade, liberdade", nesta terça-feira (doze). Havia um receio imenso quanto a críticas que possivelmente poderiam ser feitas, da mesma forma que ocorreu em "Babilônia". Nas últimas semanas, a nossa 'querida' família tradicional brasileira já vinha fazendo uma cruzada contra a sequência, dizendo que era "um absurdo" (e daí pra pior).

A "liberdade" não era algo em voga no século dezenove, menos ainda a atração entre dois homens. Pois a cena começa a ir ao ar por volta das vinte e três horas e onze minutos. Caio Blat e Ricardo Pereira (atores em cena) aparecem sensíveis e assustados. A música de fundo é coesa, sensível e combina perfeitamente com o momento de descoberta, de susto de ambos, confusos pelo que sentiam um pelo outro. Um beijo é dado, e o que se viu depois foi uma cena de amor delicada, com texto e direção quase impecáveis. 

A audiência não foi baixa. Segundo dados prévios, no momento de exibição, "Liberdade, liberdade" estava acima dos 20 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Ainda sim, choveram comentários (muito) negativos e de extrema homofobia. Era "tem criança vendo" pra lá, "eu não sou homofóbico, MAS a Globo quer colocar a causa gay goela abaixo" pra cá...

"Liberdade, liberdade" e a mania do brasileiro de transferir a responsabilidade. Se você deixou seu filho assistir, a culpa é única e exclusivamente sua, como responsável que deixa seu filho menor ver cena de sexo na televisão - o que seria erradíssimo em qualquer cena sexual, e isso independe se são duas pessoas do mesmo sexo ou de sexos opostos. A Globo não quer colocar a causa gay goela abaixo, quer tratar igual ao que faz com os casais heterossexuais, porquê é isso o que esta causa quer apenas: igualdade de direitos, o que não se tem e nunca se teve. Não se mata gente por ser hétero neste país, mas se mata por ser LGBT.

A cena entra para a história porquê é um caminho para se pôr héteros e homossexuais em pé frente à igualdade na televisão brasileira. E quem ganha com isso é a sociedade como um todo, que fica mais tolerante e amorosa, aceitando que o que você faz entre quatro paredes não te define nem mesmo parcialmente.

Alguns dados:

• Classificação indicativa da novela com base na faixa etária: +16;
• Horário na qual se passa a novela: 23H;

• Canais de tevê infantis ou com itens em sua programação que sejam abertos à todos os públicos:

Nick Jr, Disney XD, Boomerang, Disney Channel, Cultura, SBT, BAND, RECORD, Gloob, Tooncast, Cartoon, Telecine Fun, Telecine Pipoca, TNT, Universal Channel, Cinemax, Telecine Premium, PlayTV, MEGAPIX, Rá Tim Bum, Futura, FOX, Animal Planet, Disney Jr, Nickelodeon, entre outros;

• Guias de programação on-line com base no ranking de tevês por assinatura mais assinadas em nosso país:

1. Vivo
2. Claro
3. Net
4. Gvt
5. Oi

Temos, também, tablets, aparelhos celulares, computadores e afins que poderiam ter sido utilizados durante o decorrer da novela uma vez que, desde cedo, na atual geração, as crianças vêm tendo acesso extremamente fácil quanto a esse tipo de produto. Além de todas as opções, temos o próprio botão presente em seu aparelho televisivo e/ou controle remoto que poderia ser utilizado para o fim de desligá-lo.

Mas qual era mesmo a desculpa pra sua homofobia?!