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sábado, dezembro 19, 2015

Chapter 2: O Inverso e o Reverso

Preferia não continuar ao ter de olhar para ele desde aquela noite estranha em que sai de um quarto de motel, chamei um táxi e o deixei ali esperando como se fosse algum idiota. Eu fingi que nada tinha acontecido e no dia seguinte acordei em minha cama com mais de 15 chamadas perdidas e uma mensagem em meu celular em que dizia que "nós todos somos frutos do que construímos para nossas vidas e definitivamente você foi a pior delas". Talvez eu tivesse sido, mas eu estava pouco me fodendo para aquilo. Exclui a mensagem.
Levantei de minha cama e tomei um banho para me despertar da ressaca daquela noite. Eu já havia dormido com tantos caras que definitivamente não estava nem aí se alguém me chamaria ou não de puta, para falar a verdade a vida era minha e as escolhas que eu fazia eram resultados do que queria e sinceramente, eu nunca dei certo com namoros mesmo, os únicos que tive fiz questão de terminar, afinal eu não suportava gente grudenta.
Meu celular começa a tocar, desligo antes mesmo que eu deixe cair na caixa postal, afinal já sabia exatamente quem era e eu não devia explicação alguma por ter simplesmente deixado ele naquele quarto de motel onde na verdade eu nem queria estar a não ser para transar mesmo e nada mais. Não queria nada dessas coisinhas fofas e nem de mexer em meu cabelo, aliás eu odeio que mexam em meu cabelo, demoro muito para lavar e fica todo sujo. Tudo bem que eu teria de lavar no dia seguinte, mas não.
Saio de casa sempre com o mesmo sorriso no rosto para meu porteiro simpático e adorável, um senhor que era casado com a mesma mulher a exatos 55 anos. Eu achava isso lindo, romântico, qualquer um deveria chegar a esta ponto... Menos eu porque não tenho um pingo de vontade de estar ao lado de alguém pelo resto da vida, afinal de contas eu sempre tive bons motivos para ignorar completamente o porque eu não queria voltar a amar tão cedo em toda a minha vida.
Pelas calçadas de Ipanema eu vejo muitos casais, inclusive estes mais jovens que saem do colégio de mãos dadas e sempre felizes, quem dera eles se tocassem e finalmente entendessem que a vida não é este mar de rosas e que eles não durarão nem três meses, aliás no quarto mês de namoro - se é que irá existir. - eles estarão um de saco cheio do outro e algum dos dois irá trair o outro com um amigo (a) dele (a), então eu acho bem patético ver isso, mas ainda assim é bom sonhar um pouco. Eu sonhei muito como eles um dia.
Uma água de coco, por favor. Sento aqui nessa cadeira de praia e fico observando que o mar esta como sempre lindo e eu sei que neste meio sempre tem aquele pobre pescador que se encanta pela sereia errada e vai ficar apaixonado e vai querer sair com ela algumas vezes e ela irá dar as costas a ele assim que dormir com ele, afinal ela esta fazendo isso para não se apaixonar e não se machucar com antecedência. Mas lá vem ele e tudo vai começar novamente.
Um jantar, quem sabe algumas conversas. Tudo bem, vai, eu vou contar um pouco sobre minha vida. Risadas e vinhos. Conheci o loft dele, era legal. Beijos e beijos, amassos e amassos... Sexo. Hora, todo mundo sabia que o restante ia ser assim. Acordei eram três da manhã, ele dormia feito pedra. Me olhei no espelho e o meu celular vibrou com a pergunta de minha amiga sobre onde eu estava. Respondi rapidamente. Me arrumei tranquilamente sem fazer barulho, escrevi um bilhete e deixei em cima da cômoda. Parti de forma discreta e não olhei para trás. Hora, eu não ficaria de chamego com ninguém em hipótese alguma.
Dentro do táxi eu sorrio com as mensagens que troco com minhas amigas e sobre o gato da noite. Mais risadas, algumas conversas a mais. Saio do táxi, encontro cada uma delas em uma cadeira na mesma mesa. Corro até elas e sento ali como se nada tivesse ocorrido. Mostro de novo a foto do cara. Foi bom? Não foi? Foi, mas não foi tudo isso. Ele poderia ter sido melhor. Calma que eu conto mais. Enfim, a noite foi boa.
Chego em casa e deito novamente em minha cama. Acordo às oito da manhã com algumas ligações dele. Já era de se imaginar. Não mando nada. Recebo três mensagens de bom dia, ignoro todas. Tomo um banho, tomo meu café. Desço as escadas e me encontro com aquele porteiro simpático e adorável que é casados faz 55 anos, mas eu nunca seria como ele. Passeio pelas ruas de Ipanema, sorrio com esses casais ridículos da era atual. Uma água de coco, por favor. Me sento na cadeira de praia e penso, essa história não é minha, essa história é dele, porque na verdade eu sou a garota que esta deitada na cama chorando e ele na verdade é o cara que esta tomando água de coco e esperando para partir para a próxima. Eu na verdade estou aqui do outro lado vendo ele com a loira de olhos azuis, enquanto leio o livro A Teoria de Tudo para ver se esqueço um pouco a vida.
Vai continuar chorando? Vai ser ele? Quem você quer ser? Não quero ser ninguém, acho que só estou tentando buscar um motivo para entender porque ele quis tantas outras e disse que me ligaria, mas não me ligou. Disse que me chamaria para jantar, mas não chamou. Disse tudo, menos que me amava. Será que um dia eu terei a chance de ser como o porteiro simpático e adorável do prédio dele que ao me ver sentada no degrau da escada, entrada principal, me disse que "amar é muito difícil, e escolher a pessoa certa é mais ainda, mas demora, leva tempo, você consegue achar". 55 anos e eu só levei 55 minutos para perceber a besteira que eu havia feito ao ter dormido com o cara com a loira de olhos azuis.

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